02 de Dezembro de 2007
Este texto apesar de poder ser escrito a pensar nos vários governadores que andam por este Portugal a fora, vai dedicado a um conjunto de pessoas que me merece alguma da minha atenção.

No País daquele que consegue ver menos que o cego, existem várias pessoas a quem foi pedido que vivam em harmonia, união e que trabalhassem de vez em quando em conjunto em torno de um objectivo comum. Essa meta era nobre e pretenderia tornar os habitantes desse país mais conhecedores, mais fortes e sobretudo mais pessoas. Este país tinham boas relações com os seus vizinhos. Faziam trocas comerciais com os seus vizinhos do País dos cegos e com o todo poderoso País dos anciãos. Este último povo era tido como arrogante, prepotente e muito austero, o seu poderio militar era tremendo.

Porém, nem tudo ia bem no País daquele que consegue ver menos que o cego. Os habitantes daquele país rapidamente descobriram o que estava mal: no País daquele que consegue ver menos que o cego havia pessoas. Contudo a resposta que eles quiseram admitir não foi essa, mas sim que as taxas comerciais do País dos anciãos eram elevadas e estavam a levar o país a ruína.

Mas porque é que as pessoas queriam tanto que o país não fosse para a frente? Porquê?

Alguns dos habitantes do País daquele que consegue ver menos que o cego procuraram as respostas, investigaram, pesquisaram arduamente, porém a resposta estava mesmo ali: Neste belo País cheio de riquezas as pessoas destruíam-no sem motivo aparente, por pura ganância, egoísmo e ignorância. Não havia um verdadeiro espírito de comercio colectivo e como tal o País dos anciãos aproveita-se e explorava-os.

Então, os habitantes nada satisfeitos queriam mudar o que estava mal e começaram a atacar aqueles que faziam asneiras sem querer. Começaram a falar deles em surdina, a arquitectar projectos maquiavélicos de vingança. O inconformado liderava-os, nunca poderia aceitar que as coisas não iam bem.

Cá de longe, no vizinho País do cego, os habitantes deste país viviam felizes, com os seus problemas e com as suas desavenças, mas tudo estava relativamente calmo. Nada de mal percebiam passar-se no país seu vizinho. Aliás, o país daquele que consegue ver menos que o cego era tido no mundo como um país forte, unido e que sempre que era necessário um empreendimento conjunto se unia e fazia maravilhas.

Mas, nem tudo ia mal no País daquele que consegue ver menos que o cego. Havia pessoas que de nada sabiam, que com nada se preocupavam e que deixavam andar, a ver se ninguém ia ter com elas, se ninguém as preocupava, uma dessas pessoas era a razão. Esta pessoa sabia os problemas da terra, mas não queria se meter, era mais fácil estar no seu canto.

E as pessoas? Agiam elas por maldade? As pessoas sentiram-se ameaçadas. Também elas se organizaram, também elas investigaram e planearam o contra-ataque. A guerra civil estava instalada, todavia esta guerra não tinha dois lados bem claros, ninguém sabia de que lado da barricada estava.

Toda esta confusão reinava então no País daquele que consegue ver menos que o cego, alguns dos seus governantes queriam acusar os Países vizinhos dos problemas que existiam no seu país. Apontavam baterias aos País dos anciãos, porém sabiam que uma guerra directa contra estes não podia ser travada. Tinham de planear uma guerrilha. Contudo, o País daquele que consegue ver menos que o cego era uma democracia e apesar de os seus lideres pensarem de uma forma, nem todos pensavam assim. Então a oposição decidiu manifestar-se. Discordou do seu governo, queriam travar a guerra directa. Os seus lideres continuavam a temer represálias.

Um dia, um dos habitantes do País daquele que consegue ver menos que o cego, numa das suas guerras feriu um dos seus melhores amigos. A ferida era grave, não havia muito a fazer. Uns acusaram-no de ser o culpado de todos os seus problemas, outros choravam com ele. O inconformado (a partir de agora será esse o nome do habitante que feriu o seu amigo) chorava, pensava que motivos justificavam o que aconteceu.

A sua primeira vontade era de culpar o país dos anciãos, mas o seu amigo, a razão ferida gravemente e às portas de outro mundo, disse-lhe que já era hora de o país daquele que consegue ver menos que o cego se fechar sobre si mesmo. Era hora de unir, de falar e debater, de parar a guerra que no dia atacava o colega e no dia a seguir matava o amigo. Era hora de mostrar que no país dos cegos, se via tão bem como os outros e que o País daquele que consegue ver menos que o cego era o que realmente todo o mundo achava. A razão nas suas últimas palavras pediu ao arrependimento para que os habitantes do seu país não se esquecessem do seu nobre objectivo e que um dia pudessem trocar comercialmente de igual para igual com os anciãos. Deu-lhes então o último conselho:

"- Construam o nosso país, não de uma forma bélica, mas estruturada, comercial, democrática, em que todos sejam um trabalhador tão importante como os outros. Com discórdia, mas com frontalidade; sem discussão, mas com debate; sem amizade colectiva, mas com uma equipa de trabalho. Assim seremos mais fortes e aí poderemos finalmente debater com os anciãos que as taxas são verdadeiramente injustas. Eu acredito em ti, não fosses o eterno inconformado. Vai e espalha estas minhas últimas palavras."

...
O resto da história cada um de nós pode fazê-la no dia-a-dia...
publicado por Luís Caldas às 15:01

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