10 de Maio de 2008
Tinha decidido realizar uns artigos de opinião acerca da importância do enfermeiro nos dias de hoje. Aproveitando o post do colega blogger e enfermeiro DoutorEnfermeiro e os comentários do Colega Magistral Estratega aqui explanados. Lanço aqui o primeiro artigo, em que fala da importância e do papel do enfermeiro no ensino dos futuros profissionais.

Li este tópico a dois dias e a primeira impressão que tive foi, ou digo muita coisa e crítico tudo e todos, ou calo-me. Depois do magistral ter aberto as hostilidades é a minha vez de incendiar um pouco isto.

Será apenas e só a culpa das escolas?
Será que todos nós não temos culpa no dia-a-dia com os nossos actos?

O texto do DoutorEnfermeiro que relata uma situação, ou melhor, várias que se têm passado com ele levanta alguns aspectos. O primeiro que me apraz frisar é a falta de conhecimento dos enfermeiros que recebem os alunos nos campos de ensino clínico/estágio acerca do que estes pretendem e quais os objectivos que os estudantes têm de atingir. Como sabem, estão definidas pela Ordem dos Enfermeiros 96 Competências dos Enfermeiros de Cuidados Gerais. Um aluno quando se desloca para um campo de ensino clínico, isto é, momento de aprendizagem, associação de conhecimentos teóricos à prática clínica e ainda aprendizagem em contexto clínico terá de adquirir determinadas competências. O grande problema desta situação, é quantos dos enfermeiros orientadores recebem a informação de que competências que o estudante vai adquirir? Dos que recebem, quantos transmitem aos seus colegas, quais são essas competências? Será correcto aceitar orientar um aluno em ensino clínico sem conhecer o que é que este vai para lá fazer? Culpa aqui repartida: escolas/enfermeiro.

O segundo aspecto que gostaria de salientar é a desorganização e bipolarização das escolas. Se algumas apenas incidem em aspectos do cuidar, outras apenas incidem em aspectos das ciências biomédicas. Tal como referiu o magistral estratega, para se melhor cuidar é necessário ter conhecimento de todas as ciências de base que servem de apoio à ciência de enfermagem. Não me lembro onde foi que vi isto, mas era um diagrama que continha no centro a enfermagem em forma de balão e depois vários balões com as várias ciências em torno da enfermagem, este primeiro balão era o maior, mas todos os outros o interceptavam. A minha análise deste, é que a enfermagem é a ciência que deve ser o principal foco de atenção do enfermeiro, contudo não pode nunca se dissociar de todas as outras ciências que vão ajudar a sustentar e a potenciar a disciplina da enfermagem. Ou seja, todas as ciências que servem de apoio à enfermagem devem servir de base a esta, contudo o enfermeiro não necessita de as dominar totalmente, precisa sim de saber tudo o que destas é essencial para a sua prática. Neste aspecto faz-me dizer uma expressão velha conhecida que é adaptada a ciência que se queira falar e que tem por base a UNESCO (no documento dos quatro pilares da educação). Quem só sabe de enfermagem, nem de enfermagem sabe.

O terceiro aspecto que gostava de reflectir é acerca do nome comercial de um medicamento. Eu recuso-me a transcrever uma medicação com um nome comercial qualquer que ele seja, existe uma circular da DGS (desculpem o primor de não a citar) que OBRIGA o médico a usar DCI e que como tal, obriga todos os outros profissionais a utilizar esta terminologia. Não é por se estar a combater as viagens e o poder das farmacêuticas. Trata-se apenas de uma forma de podermos utilizar o nosso cérebro para em vez de sabermos todos os nomes comerciais do mesmo principio activo, poder usa-lo para saber mais princípios activos, suas causas, efeitos adversos, tempos de acção. Penso que são lógicas as vantagens da DCI, usar uma linguagem clara, concisa e que todos saibam o que é. Acho que é para isso que existem as linguagens classificadas. Não obstante em situações de urgência achar que se deve agir rapidamente, mas penso que os enfermeiros têm função de charme na sensibilização da utilização desta linguagem. Basta o médico, administre uma formula de lasix, ao que o enfermeiro responde: já esta preparada e administrada 2 c.c. de furosemida E.V.. Se queremos ser tratados como licenciados, temos de nos assumir sempre como tal, isto é, conhecedores das situações e utilizando e dominando aqui para o qual estudamos quatro anos e que nos certifica que somos habilitados a falar, pensar e agir criticamente acerca do conhecimento de enfermagem. Costumo dizer que à farmacologia dou o tempo que considero o adequado, nem faço dela o supra sumo da enfermagem, nem faço dela o parente pobre. Falei em relação a esta ciência de apoio como poderia falar em relação a qualquer uma.

Outro aspecto do qual não me posso excluir de comentar foi o post do Magistral Estratega que enumera algumas questões lógicas e de reflexão e que poderão desmontar o artigo inicial. Se de acordo com todas as organizações internacionais de enfermagem e com as nacionais também, o alvo dos nossos cuidados são a pessoa, família e comunidade, estas têm de ser vistas como detentoras do processo central da nossa actuação. Como tal, a pessoa é um ser biopsicossocial, excluir algumas destas vertentes da nossa atenção estará obviamente a enviesar o foco de atenção e assim sendo, estaremos não a prestar cuidados holísticos mas cuidados parciais, o que nos leva novamente ao paradigma biomédico (em que cada um trata de uma parte).

Tenho de concordam com a afirmação de que a enfermagem é o que quisermos fazer dela, já por isso existem teorias de enfermagem, porque enfermeiros, como qualquer um de nós, dedicaram a sua vida e o seu trabalho a produzir conhecimento acerca do que eles achavam ser o trabalho de enfermagem, a sua sustentação e base teórica, fez com estas fossem ou não aceites. Cada um poderá definir aquilo que acredita ser o caminho para a enfermagem e se o sustentar com uma base cientifica e com um estudo de base próprio, poderá levar a que isso seja aceite pela maioria ou não. Se o conseguir estamos perante uma nova teoria de enfermagem e que poderá substituir ou mesmo complementar as anteriores.

O magistral aponta ainda para a responsabilidade do aluno, que tem um papel fundamental no seu processo de aprendizagem. Eu aprendo o que quero e cada um de nós é assim. Não o neguem, já por isso quando estudavam, tinham áreas que gostavam mais e outras que gostavam menos e dedicavam-se a essas áreas mais ou menos. As escolas e os enfermeiros têm um papel fundamental no aliciar o aluno para aquilo que é relevante para que este dedique o seu estudo. Por exemplo, eu sou orientador de um aluno duma determinada escola que só incide em aspectos técnicos, se eu só der como alvo de aprendizagem a competência técnica, o aluno vai encaminhar toda a sua aprendizagem para este tipo de conhecimento, descuidando todas as outras competências. Porém, se eu incidir em aspectos técnicos, científicos, de conhecimento e de juízo diagnóstico poderei potenciar um aluno que durante a formação escolar apenas teve incidência técnica para uma abordagem mais global e mais acertada da enfermagem. Ou seja, também aí nós temos um papel fundamental de potenciar e abrir horizontes ao conhecimento do estudante.

A quem conseguiu ler isto até ao fim penso que explanará a minha opinião acerca do estado da arte (como dizia uma professora minha). Ou seja, não só as escolas por si as culpadas, mas todos os envolvidos no processo de aprendizagem e de formação. E como diz outro conhecido meu, se não intervirmos nós, alguém inferior irá intervir e serão esses que irão mandar. Por isso reflictam e actuem no dia-a-dia, pois se não o fizerem, outros vão fazê-lo por vocês e poderá nem sempre ser o mais adequado.
publicado por Luís Caldas às 14:24

O Boavista F. C. foi penalizado com a descida de divisão. Já atravessava uma grave crise financeira. Parece-me eminente o fim deste, tal como sucedeu com o Salgueiros.

A cidade do Porto e o País ficarão mais pobres, se este clube deixar de existir, principalmente porque se trata de um clube com grande história nas modalidades amadoras.
publicado por Luís Caldas às 00:05

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